Ontem 30/1, recebemos as irmãs Luciana e Ísis, servas do Amor Misericordioso, para abordar o tema da Bíblia
como fonte da catequese: leitura orante da Bíblia.
Elas explicaram o tema (deixaram esses dois textos e as imagens para nós)
e nos levaram a uma experiência com a Lectio divina (leitura orante).
ORIGEM DA LECTIO DIVINA
A Lectio Divina tem uma
história de pelo menos 2.500 anos. No Antigo Testamento o povo de Israel rezava
a Palavra e usava a Palavra para rezar. No livro de Neemias cap 8, 2-10 diz que
o povo se reuniu para ouvir Neemias ler o livro desde a manhã até ao meio dia.
Todo o povo ouvia atentamente a leitura do livro da Lei. Este texto tão antigo
é o precursor da lectio…
E isso durou durante
gerações. Todos os Padres da Igreja tanto no Oriente como no Ocidente
praticavam esse método e encorajavam o fiéis a fazerem o mesmo em suas casas.
Os monges fizeram da Lectio o centro de suas vidas. Santo Antão séc II, sabia a
Escritura de cor . Para São Pacomio, São Basílio, São Jeronimo fazia a leitura
frequente da Bíblia e era o “alimento celestial”, “pão descido do céu”. São
Cipriano escrevia a respeito da Biblia: “tendes sempre a Lectio Divina entre as
mãos”. São Bento na Regra no cap IV diz : "ouvir de boa vontade as
santas leituras e dar-se frequentemente à oração…"
Como podemos passar por
cima dessa tradição? Num dado momento acharam melhor colocar por escrito esse
método para ajudar os noviços a interiorizarem a Palavra através do Espirito
Santo.
O Método que vamos falar
aqui nasceu no séc XII com o monge Guigo que percebeu que lendo o
texto bíblico era possível reler o passado à luz do presente, trazendo uma
grande contribuição para o futuro. Guigo sentia que a Palavra de Deus
comprometia e que o conjunto dos livros que formam a Bíblia era tido dentro de
uma unidade. Dentro dessa unidade, percebia que estavam presentes três níveis
de compreensão: literário, histórico e o teológico. Cada um tem sua
especificidade, o primeiro está mais próximo do texto, o segundo leva mais em
consideração a situação histórica em que o texto foi escrito e o terceiro está
diretamente relacionado com a mensagem de Deus.
Orígenes é o grande
idealizador do termo Lectio Divina. Muitos traduzem Lectio Divina por leitura
divina, outros por leitura orante. O que nos importa é o valor que esse método
tem para nossa vida. A Lectio Divina é resultado da prática da leitura que os
cristãos faziam e fazem da Bíblia. Essa prática usada pelos cristãos, já é um
resquício da tradição das comunidades do Antigo Testamento. As comunidades liam
os textos bíblicos que eram passados de geração em geração.
A grande contribuição de
Guigo foi a de sistematizar os passos da Lectio Divina. Ele sugere que sejam
seguidos quatro passos. O termo utilizado para cada momento é degrau. Com o
intuito de partilhar a forma como compreender melhor o texto bíblico, resolveu
escrever um livrinho no qual intitulou "A Escada dos Monges". Escreve
para outro monge dizendo: "certo dia, durante o trabalho manual, quando
estava refletindo sobre a atividade do espírito humano, de repente se
apresentou à minha mente, a escada dos quatro degraus espirituais: a leitura, a
meditação, a oração e a contemplação. Essa é a escada dos monges, pela qual
eles sobem da terra ao céu. É verdade, a escada tem poucos degraus, mas ela é
de uma altura tão imensa e inacreditável que, enquanto a sua extremidade
inferior se apóia na terra, a parte superior penetra nas nuvens e investiga os
segredos do céu". E diz mais: "A leitura é o estudo assíduo das
Escrituras, feito com espírito atento. A meditação é uma diligente atividade da
mente que, com a ajuda da própria razão, procura o conhecimento da verdade
oculta. A oração é o impulso fervoroso do coração para Deus, pedindo que afaste
os males e conceda as coisas boas. A contemplação é uma elevação da mente sobre
si mesma que, suspensa em Deus, saboreia as alegrias da doçura eterna".
A Lectio Divina supõe
alguns princípios: a unidade da Escritura, atualidade ou encarnação da Palavra
e a Fé em Jesus Cristo, vivo na Comunidade.
FONTE: Origem do Método da Lectio
divina
LECTIO DIVINA – HISTÓRIA
A “Lectio Divina” é uma expressão usada para
designar uma prática antiga da Igreja: a Leitura Orante da Bíblia. Essa prática consiste,
sobretudo, em quatro elementos, a saber: a leitura, a meditação, a oração e a
contemplação. Por esse caminho experienciamos a partir da leitura e do seu
confronto com a vida, a presença e a ação de Deus. Não é algo mágico, muito
menos intelectivo ou uma ideia, ou mesmo até algo de extraordinário e
sobrenatural, não, não, não. Mas, é algo muito simples, singelo, profundo e
mistagógico. Ou seja, aprendemos a “ler” Deus na vida.
A Lectio Divina ou a Leitura Orante é um instrumento, uma ferramenta pedagógica
cujo objetivo é ajudar o seu leitor-praticante a mergulhar e a experimentar o
sagrado na vida a partir do testemunho e da história do povo da Bíblia do
Primeiro e do Segundo Testamento.
Com a Lectio Divina ou Leitura Orante escutamos a Deus e falamos com Ele e Ele
fala conosco.
Como nasceu a Lectio Divina ou Leitura Orante da
Bíblia? Em poucas palavras podemos dizer o seguinte.
A Lectio Divina tem sua origem e raízes na religião e tradição judaica, quando
do uso da Torah, dos Escritos e Profetas lidos e meditados nas sinagogas. Mas,
foi com Orígenes, famoso mestre cristão de Alexandria que ela apareceu com mais
clareza e definida. Entretanto, sua sistematização com os quatro elementos como
temos hoje nos veio do século XII, quando um monge de nome Guigo, por volta de
1.150, d.C, escreveu um livrinho chamado: “A escada dos monges” cujo conteúdo explica em
que consiste a Leitura Orante: ler, meditar, orar, contemplar.
No século XX, o Concílio Vaticano II recuperou essa prática que havia sumida da
vida do povo, mas que era praticada nos mosteiros, sobretudo beneditinos.
Graças a essa iniciativa do Concílio, sobretudo na América Latina, a Lectio
Divina ganhou vida nas Comunidades Cristãs, de modo particular nas Cebs
(Comunidades Eclesiais de Base) que a divulgou e praticou com outro nome,
Círculos Bíblicos.
Hoje, ela está enraizada na Igreja de maneira tal que é como sempre foi, seu
patrimônio primordial. Atualmente, mesmo incentivando uma prática individual, a
Igreja anima seus fieis, sobretudo, numa prática comunitária da mesma.
FONTE: Lectio divina – I: História
http://bibliaecatequese.com/lectio-divina-i-historia/
http://bibliaecatequese.com/lectio-divina-i-historia/
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