Formação para catequistas 18-10-2014
(Material selecionado de pesquisa na internet)
LITURGIA, O QUE É?
Da língua grega clássica, como palavra composta por duas raízes: leit (de laós = povo) e érgon (= ação, empresa, obra).
Por «Liturgia» se entendia um serviço público feito para o povo por
alguém de posses. Este realizava tal serviço ou de forma livre ou porque se
sentia como que obrigado a fazê-lo, por ocupar elevada posição social e
econômica.
Na época helênica a palavra conhece uma evolução no seu sentido e começa
a designar seja um trabalho obrigatório realizado por um determinado grupo,
como castigo por alguma desobediência ou como reconhecimento por honras
recebidas.
Todavia, nesta mesma época helênica, começamos a ver o termo «Liturgia»
sendo usado ao mesmo tempo e cada vez mais em sentido religioso-cultual, para
indicar o serviço que algumas pessoas previamente escolhidas prestavam aos
deuses.
Por ocasião do Movimento Litúrgico do início deste século este termo será
usado com grande força, sendo que o Concílio Vaticano II o consagrará nos seus
diversos documentos, em especial na Constituição sobre a Liturgia Sacrosanctum
Concilium, entendendo sempre por «Liturgia» “o exercício do sacerdócio de Jesus
Cristo” (SC 7), ou o “cume em direção ao qual se dirige toda a ação da Igreja
e, ao mesmo tempo, a fonte da qual sai toda a sua força” (SC 10).
A
LITURGIA NOS RITMOS DO TEMPO
O
Ano Litúrgico não apenas recorda as ações de Jesus Cristo, nem somente renova a
lembrança de ações passadas, mas sua celebração tem força sacramental e
especial eficácia para alimentar a vida cristã.
Por
isso, o Ano Litúrgico é sacramento e, assim, torna se um caminho
pedagógico-espiritual nos ritmos do tempo.
Como
a vida, a liturgia segue um ritmo que garante a repetição, característica da
ação memorial. Repetindo, a Igreja guarda a sua identidade.
Para
fazer memória do mistério, a liturgia se utiliza três ritmos diferentes:
· o ritmo
diário, alternando manhã e tarde, dia e noite, luz e trevas;
· o ritmo
semanal, alternando trabalho e descanso, ação e celebração:
· o ritmo
anual, alternando o ciclo das estações e a sucessão dos anos.
"O
dia litúrgico se estende da meia noite à meia noite. A celebração do domingo e
das solenidades começa, porém, com as Vésperas do dia precedente".
O
RITMO SEMANAL
O
ritmo semanal é marcado pelo domingo, o dia em que o Senhor se manifestou
ressuscitado.
A
história do domingo nasce na cruz e na ressurreição de Jesus. No primeiro dia
da semana, quando as mulheres foram para embalsamar seu corpo, já não o
encontraram mais.
No
domingo, Jesus apareceu vivo a vários dos discípulos, sozinhos, ou reunidos;
comeu e bebeu com eles e falou-lhes do Reino de Deus e da missão que tinham que
levar adiante.
O
dia de Pentecostes, vinda do Espírito Santo, também aconteceu no domingo.
O RITMO ANUAL
O
Ano Litúrgico compreende dois tempos fortes:
o Ciclo Pascal, tendo como centro
o Tríduo Pascal, a Quaresma como preparação e o Tempo Pascal como
prolongamento;
o Ciclo do Natal, com sua preparação no Advento e o seu
prolongamento até a festa do Batismo do Senhor. Além destes dois, temos o Tempo
Comum.
a) TRÍDUO
PASCAL DA PAIXÃO E RESSURREIÇÃO DO SENHOR.
Começa
na 5a à feira à noite com a Missa da Ceia (depois do pôr do sol) até à tarde do
domingo da Páscoa da ressurreição com as Vésperas. É o ápice do Ano Litúrgico porque
celebra a Morte e a Ressurreição do Senhor.
"quando
Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus
pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e
ressuscitando renovou a vida".
b) TEMPO
PASCAL
Os
50 dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes, é o tempo
da alegria e da exultação, um só dia de festa, "um grande domingo”. São dias de Páscoa e não após a Páscoa.
"Os
oito primeiros dias do tempo pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados
como solenidades do Senhor".
A festa da Ascensão é celebrada no Brasil no 7° domingo da Páscoa. A semana
seguinte, até Pentecostes, caracteriza se pela preparação à celebração da vinda
do Espírito Santo.
Em
sintonia com as outras Igrejas cristãs, no Brasil, realizamos nesta semana a
"Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos". Recomendam-se para esta
ocasião orações durante a missa, sobretudo na oração dos fiéis, e oportunamente
a celebração da missa votiva pela unidade da Igreja.
c) TEMPO DA
QUARESMA
Da
4ª feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. É o tempo para
preparar a celebração da Páscoa.
“Tanto
na liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do
tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e
pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a palavra de Deus
e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal".
d) TEMPO DO
NATAL
Das
primeiras vésperas do Natal do Senhor até a festa do Batismo do Senhor.
É
a comemoração do nascimento do Senhor, em que celebramos a "troca de dons
entre o céu e a terra", pedindo que possamos “participar da divindade
daquele que uniu ao Pai a nossa humanidade”.
Na
Epifania, celebramos a manifestação de Jesus Cristo, Filho de Deus, “luz para
iluminar todos os povos no caminho da salvação”.
e) TEMPO DO
ADVENTO
Das
primeiras vésperas do domingo que cai no dia 30 de novembro ou no domingo que
lhe fica mais próximo, até antes das primeiras vésperas do Natal do Senhor.
"O tempo do Advento possui dupla característica:
· sendo um tempo
de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda
do Filho de Deus entre os homens;
· é também um
tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a
expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos.
Por
este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e
alegre expectativa".
f) TEMPO COMUM
Começa
no dia seguinte à celebração da festa do Batismo do Senhor e se estende até a
terça feira antes da Quaresma, inclusive. Recomeça na segunda feira depois do
domingo de Pentecostes e termina antes das Primeiras Vésperas do 1° domingo do
Advento.
A tônica dos 33 (ou 34) domingos é dada pela
leitura contínua do Evangelho. Cada texto do Evangelho proclamado nos coloca no
seguimento de Jesus Cristo. Desde o chamamento dos discípulos até os
ensinamentos a respeito dos fins dos tempos.
Neste
tempo, temos também as festas do Senhor e a comemoração das testemunhas do
mistério pascal (Maria, Apóstolos e Evangelistas, demais Santos e Santas).
AS
SOLENIDADES, FESTAS E MEMÓRIAS
As
Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário Romano (NALC), promulgadas
por Paulo VI, em 1969, distinguem os dias litúrgicos, segundo sua importância,
em Solenidade, Festa e Memória.
2.1.
AS SOLENIDADES
"As
solenidades são constituídas pelos dias mais importantes, cuja celebração
começa no dia precedente com as Primeiras Vésperas. Algumas solenidades são
também enriquecidas com uma Missa própria para a Vigília, que deve ser usada na
véspera quando houver Missa vespertina". Estas celebrações tem orações,
leituras e cantos próprios ou retirados do Comum.
2.2. AS FESTAS
"As
festas celebram se nos limites do dia natural por isso, não têm Primeiras
Vésperas, a não ser que se trate de festas do Senhor que ocorrem nos domingos
do Tempo Comum e do Tempo do Natal, cujo Ofício substituem". Na Missa, as
orações, leituras e cantos são próprios ou do Comum.
2.3. AS
MEMÓRIAS
A
memória é uma recordação de um ou vários santos ou santas em dia de semana. Sua
celebração se harmoniza com a celebração do dia de semana ocorrente, segundo as
normas expostas na Instrução Geral sobre o Missal Romano e a Liturgia das
Horas.
As
memórias são obrigatórias ou facultativas. A única diferença entre os dois
tipos de memória é que as memórias obrigatórias (como seu nome sugere) devem
necessariamente ser celebradas e as memórias facultativas podem ser celebradas
ou omitidas, segundo se considere oportuno. Quanto ao modo de celebrá-las,
procede-se da mesma maneira em ambos os casos.
2.4. COMEMORAÇÕES
As
memórias obrigatórias, que ocorrem nos dias de semana da Quaresma e nos dias 17
a 24 de dezembro, podem ser celebradas como memórias facultativas. Neste caso
são chamadas simplesmente de comemoração.
A
celebração de todos os fiéis defuntos, por não ter caráter de solenidade, festa
ou memória propriamente ditas, é chamada pela Igreja de Comemoração. Trata se
de uma Comemoração muito especial, celebrada mesmo quando ocorre em domingo.
INDICAÇÕES PARTICULARES
OS
LECIONÁRIOS
As
leituras indicadas nos Lecionários foram dispostas da seguinte maneira: para os
domingos e algumas festas temos um ciclo de três anos (está no Lecionário
Dominical): A - Mateus; B Marcos; C Lucas. O evangelho de João é proclamado em
algumas solenidades e também durante alguns domingos do ano B. Para os dias de
semana o Evangelho tem um ciclo anual e as leituras um cliclo bienal um para os
anos pares e outro para os anos ímpares (está no Lecionário Semanal). Para as
festas e algumas memórias dos santos, temos leituras próprias, indicadas no
Lecionário Santoral.
DIAS SANTOS DE GUARDA
"Dias
de festa", "dias de preceito", "festas de preceito"
ou, como se diz, “dias santos de guarda", são dias em que "os fiéis
têm obrigação de participar da Missa e devem abster-se das atividades e
negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus, a alegria própria do Dia do
Senhor e o devido descanso do corpo e da alma” (cân. 1247).
O
domingo é o dia de festa por excelência, em toda a Igreja. No Brasil, além do
domingo, as festas de preceito são
as seguintes: Natal do Senhor Jesus
Cristo (25 de dezembro); SS. Corpo e
Sangue de Cristo (quinta feira após o domingo da Santíssima Trindade); Santa Maria Mãe de Deus (1° de
janeiro); Imaculada Conceição de Nossa
Senhora (8 de dezembro).
As
celebrações da Epifania, da Ascensão, da Assunção de Nossa Senhora, dos Santos
Apóstolos Pedro e Paulo e a de Todos
os Santos ficam transferidas para o domingo, de acordo com as normas
litúrgicas.
Transferência para os domingos do tempo comum de celebrações que
ocorrem num dia de semana.
•
Para
promover o bem pastoral dos fiéis, é lícito transferir para os domingos do
Tempo Comum as celebrações pelas quais o povo tem grande apreço (p. ex. as
festas dos(as) Padroeiros(as)) e que ocorrem durante a semana, contanto que, na
tabela de precedência, elas se anteponham ao próprio domingo. Estas celebrações
podem ser realizadas em todas as Missas celebradas com o povo.
MESES, SEMANAS
E DIAS TEMÁTICOS
"A
comunidade deve celebrar a sua vida na liturgia (...). Mas deve celebrá-la à
luz de Jesus Cristo ressuscitado, vivo, presente e atuante na comunidade, e não
à luz de um tema, de uma ideia (...). Deve celebrar a sua vida, sim, com os
problemas que lhe tocam mais de perto; mas à luz da palavra viva, corno o único
tema... E quando não se penetra profundamente na palavra de Deus, na docilidade
do Espírito, facilmente pode-se cair na moralização. (...) Assim, o domingo
celebra realmente a vida da comunidade, nos seus diversos coloridos, mergulhada
na única vida do Ressuscitado que lhe dá vida”.
A
liturgia não pode se tornar lugar para discutir soluções e respostas para os
temas e problemas que afligem a comunidade. A liturgia "não esgota toda a
ação da Igreja" (SC 9). Ele é, sim, "o cume para o qual tende a ação
da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana a sua força" (SC 10).
A
liturgia não é primordialmente o lugar de evangelização e conscientização. Ela
"não pode ser aproveitada (usada) quase que exclusivamente para fins que
não lhe pertencem. Pois seu objetivo é a celebração da presença viva do
mistério da vida. Daí se poderá concluir também que a missa não tem tema. Ela é
o tema! Existem coloridos diferentes para a celebração, segundo as 'cores' da
vida da comunidade. Mas o único tema é sempre o mesmo na diversidade das
situações: a luz do mistério pascal nas 'cores' diferentes da vida trazida com
seu mistério para o encontro da celebração dominical”.
Para
dar aos meses e dias temáticos o seu justo lugar, é importante que a Equipe de
Pastoral Litúrgica prepare bem a celebração, não reproduzindo apenas folhetos e
subsídios oferecidos. Na missa, os "temas" podem ser lembrados no
início (recordação da vida), na homilia e nas preces dos fiéis.
Fonte: Guia
Litúrgico-Pastoral, CNBB
Montagem: Pe.
Renato, SJ.
Fonte: http://www.abcdacatequese.com/index.php/partilha/recursos/doc_view/2654-ano-liturgico-ritmos